quarta-feira, abril 19, 2006

Eu Sou o Homem



Sou feliz por ter nascido
no tempo dos homens-rãs
que descem ao mar perdido
na doçura das manhãs.

Mergulham, imponderáveis,
por entre as águas tranquilas,
enquanto singram, em filas,
peixinhos de cores amáveis.


Vão e vêm, serpenteiam,
em compassos de ballet.
Seus lentos gestos penteiam
madeixas que ninguém vê.

Com barbatanas calçadas
e pulmões a tiracolo,
roçam-se os homens no solo
sob um céu de águas paradas.

Sob o luminoso feixe
correm de um lado para outro,
montam no lombo de um peixe
como no dorso de um potro.

Onde as sereias de espuma?
Tritões escorrendo babugem?
E os monstros cor de ferrugem
rolando trovões na bruma?

Eu sou o homem. O Homem.
Desço ao mar e subo ao céu.
Não há temores que me domem
É tudo meu, tudo meu.

Poema do Homem-Rã - António Gedeão

4 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Bonito poema sem ser pindérico.

Promenade Du Feu disse...

Pindericos é que não

Inha disse...

Lindo! Lindo mesmo!
Não conhecia este...:)


BeijInha

Cláudia Cunha disse...

Que lindo poema. Não conhecia!
Eu adoro mergulhar, em gestos lentos e suaves, reter a respiração e apenas contemplar o som da amplitude do mar...
;-*