domingo, outubro 09, 2011

Sonho


Contigo sinto que é o momento
sinto assim uma inspiração
uma inspiração de epopeia
que de fato tu és a minha alma gémea
e como o sonho é grande
grande tem que ser tambem a realidade
digamos que acho saudavel nos beliscarmos de vez em quando
para ter a certeza de que não estamos sonhando

quinta-feira, setembro 29, 2011

Pedra Filosofal




Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

Antonio Gedeão

quinta-feira, setembro 15, 2011

Lentamente passa a noite



Na manhã que escolheste partir
Acordei vestido, calçado,mal dormido
Levaste o meu carro, minha carteira
Até mesmo o meu fato favorito esfaqueaste
E eu só, na cama vendo o sol caindo do céu
Não querendo abrir a carta,
mas no fim abrindo-a mesmo
E lendo estas duas palavras....

Amor, adeus
Lentamente passa a noite
Ao meu lado o esboço do teu corpo
Como o mapa de uma terra proibida
Eu traço os espectros dos teus ossos
Com a minha mão tremendo.
Negra é a minha noite
Mais negro o meu dia
Devo ter estado cego
Fora de mim
Nunca vislumbrei os sinais
Como vai?
Vai mal.
Vai lentamente.


Lentamente passa a noite
Dez dias só, dez noites só
Vejo a lua cortar-se nova
até que a lua se torna navalha
E corta a pele dos meus pecados
para teu conforto.
Conheço um céu,
Amor conheço um inferno
Cabeça nas mãos
às voltas na cama
Nunca consigo esquecer as palavras
" Partirei, sozinha um dia"
Eu ri, conferi o teu pulso
E disse, amor...

Vai lentamente pela noite
O tempo tudo remedia (só não a dor)
E acordo contigo  ali sentada
Cortando pontas do teu cabelo
Cantando uma musica sem sentido
Mas não faz mal, não importa.
Querida perdoa-me
Por toda a tristeza.
Abraço um espaço vazio
E a tua musica lentamente esmaece.
Onde vai?
Vai a algum lugar
Sozinha como a noite.

E escura como ela

Mas não és tu quem chora sem parar
Dez dias só, dez noites só
Desde que me deixaste amor.


Adaptado de uma canção de Nick Cave

terça-feira, setembro 13, 2011

Máquina assassina

Eu sou a máquina assassina
Esmaga a estrada
Empurra o vento
Sou sangue, ar, calor
Desejo crescendo por ti

Eu sou o ventre do submundo
Destrói lágrimas
Devora esperança
Sou raiva, ira e dor
Tremendo sem fim por ti

Eu sou o navio expectante
Cruza o oceano
Corta as ondas
Sou tempo, espera,suor
Esperando sempre por ti

Eu sou o mar tremendo
Abraça a praia
Afaga as ondas
Sou vida, movimento, azul
O meu sal só para ti

Eu sou o teu braço, tua mão
Voa sobre um piano
Treme de saudade
Sou música, som, amor
Sou teu, por fim junto de ti.

domingo, setembro 04, 2011

Satisfeito (Mark II by Lucio Ferreira)

«Acordei esta manhã satisfeito.

Pálido, bem dormido e bélico.

Pensei em ti, franzi, relaxei, sorri.


Levantei-me num pulo, saltei

da cama para o chuveiro, e duro

A barba com lamina doce desfiz.


Sem cortes, defeitos

Só com água e espelho te quis.

Na janela sonhei e no mundo te fiz.


Eu aqui, tu ali e nós no reflexo.

Palhaços no espelho sorrindo

Várias perspectivas se abrindo.»


Tirado daqui

quarta-feira, agosto 24, 2011

Ser livre




Ser livre é ser sincero, é ser intenso
É ser amado, poder amar
É cortar a mentira no meio
Saltar de arranha céu em arranha céu
Levando nos braços aquilo que é teu.

Ser livre é equação com x e y
Incógnitas a descobrir num
Futuro que se desdobra em dois
E se multiplica por mil.
Ser livre é ser só teu.

Ser livre é reencontro, surpresa
Imaginação. É interpretação.
É ser aquilo que passa
mas também
Aquilo que fica.
É ser máquina, é ser flor
É ter prazer, é sentir dor.
Poder voar, sentir o toque do beija-flor.


sexta-feira, agosto 05, 2011

Satisfeito

Acordei, esta manhã, satisfeito.
Pálido, bem dormido e bélico
Pensei em ti, franzi, relaxei, sorri
Levantei-me num pulo, saltei
da cama para o chuveiro amigo
A barba com lamina doce fiz
Sem cortes, sem defeitos.
Um palhaço no espelho sorrindo
Várias perspectivas se abrindo.

quarta-feira, julho 20, 2011

Amar

Amar, como quem espera por ti
à porta de uma igreja de branco
Tu de vermelho
Convivas de cinzento
Amigos de roxo, tua mãe de esmeralda
E os primos de verde
Sorriso amarelo (claro)
E disposição Lilás....
Como quem sabe que a vida
nem sempre é um ananás.....


Amar o teu corpo, alabastro implacável
teus olhos, abismos inescrutáveis.
tuas mãos, volúveis, inescapáveis
Teu sorriso, breve interlúdio de maldade!
Criador de prazer e forte saudade.

Amar a tua sombra, tua passagem
Tua imperdível imagem
Fugindo no vento árido
Como uma simples miragem.




sexta-feira, julho 01, 2011

Crescer

O tempo das flores acabou
O vento nascente do Outono começou
Para ti, meu amor, inocência perdida
Vaidade esquecida, lágrima vertida

Não esquecida ficou a saudade
Sempre intensa, madura, constante
Dos teus olhos, meus olhos, minha vaidade
Ideia feita, sangue com sangue, breve instante

Voltarei, sempre serei teu amigo, teu pai
Voltarei porque te amo, porque sou teu.
Não temas, não tremas, não tenhas medo
Pois voltarei, serei sempre o teu pai.

quarta-feira, junho 15, 2011

Amanhã é longe demais

P'la janela mal fechada
Entra já a luz do dia
Morre a sombra desejada
Numa esperança fugidia fugi um dia

Foi uma noite sem sono
Entre saliva e suor
Com um travo de abandono
E gosto a outro sabor

Dizes-me até amanhã
que tem de ser, que te vais
porque o amanhã, sabes bem
é sempre longe demais

Acendo mais um cigarro
Invento mil ideais
Só que amanhã sei-o bem
É sempre longe demais

P'la janela mal fechada
Chega a hora do cansaço
Vai-se o tempo desfiando
em anéis de fumo baço

Radio Macau

quarta-feira, maio 18, 2011

Morte


Morte quebrada hoje de manhã
Náusea pesada no estômago
e medo, muito medo, de morrer.
Sem nunca mais te ver.

Tremores, frio, abismo
Do desastre sentimento pendente
E lágrimas, lágrimas, memórias falsas
Verdades difusas e inconstantes
Duplos critérios nauseantes

Morte ameaçada esta manhã
Agulha na pálpebra, medo de sofrer
Tu bem diferente, distante
Tua memória difusa a esmaecer
E eu, aqui, a morrer.






terça-feira, maio 17, 2011

Amar


bom amar,
bom sentir
as saudades que me passam
E repassam
pelo corpo, pela alma
De estares agora aqui
na minha cama nua
com a tua personalidade
intocável e única
e eu contigo, meu amor, minha quimera,
minha nuvem no ceu fugindo
no horizonte perdido
e fugaz
como um rio andando para o mar
e um sonho perdido de tanto amar

sábado, maio 14, 2011

Rosa Branca

Este Poema foi inspirado por algo que me aconteceu hoje. Fui jantar fora, aqui, nesta cidade que não conheço. Mais tarde, passei num bar, no qual entrei onde passei um bom bocado com boa musica ao vivo etc. Uma noite amena mas boa.
Ao sair vi uma mulher muito bonita. Com a qual , digamos que cruzei um olhar um pouco alem do normal, um pouco alem dos 3 segundos normais. Ao olhar um pouco mais entendi que era a actriz principal de uma festa de despedida de solteira.....


Este poema eu dedico a todos/as que não teem a certeza de que casar é o caminho.









Rosa branca, escada preta,
Pela vila andas solta
Um volta, um olhar, um ronda
Quando voltas, quando tornas
Quando vais ser quem tu és?

Escada torta vida negra
Quem tu és já nem tu sabes
Uma vida, uma morte
uma encosta sem raizes

Cada dia mais um dia
Cada olhar mais um desejo
Que te foge, te angustia
Te trás memórias...
D'outros dias...

E um homem, que não amas,
Traz-te frutos que não gostas
Num outro dia estás na cama
Ele vem, com outra manhas
E tu choras, dizes não,
onde está quem te respeita?

Noutra vida, noutra hora
Noutra passagem que demora
Procurando-te, não te encontrando
Passando as horas em agonia...

15 Maio 2011




sábado, abril 23, 2011

Chuva Purpura

Nunca pensei nisto antes: quando mais precisamos de alguém é quando mais eles estão distantes. Quando mais queremos distancia é quando mais encontramos interferência.
E quando mais queremos amor é quando mais encontramos angustia.
Mas quando mais esperamos frio, é quando mais encontramos calor.

sexta-feira, abril 22, 2011

Confusão

Situação continua,viva, inquietante
Confusão de ideias, ravinas várias
Aspirações de luz, caminho, soluções
e discussão, opiniões, permutações
Mas nada, cada porta uma pergunta
Cada pergunta dez respostas, dez
possibilidades.

Dez futuros, dez desejos, dez
abraços desfeitos
E infinitas possibilidades
Infinitos destinos, lugares inusitados
Mil cores de azul e várias felicidades
E uma, só uma intimidade.

22nd April 2011