quinta-feira, setembro 15, 2011

Lentamente passa a noite



Na manhã que escolheste partir
Acordei vestido, calçado,mal dormido
Levaste o meu carro, minha carteira
Até mesmo o meu fato favorito esfaqueaste
E eu só, na cama vendo o sol caindo do céu
Não querendo abrir a carta,
mas no fim abrindo-a mesmo
E lendo estas duas palavras....

Amor, adeus
Lentamente passa a noite
Ao meu lado o esboço do teu corpo
Como o mapa de uma terra proibida
Eu traço os espectros dos teus ossos
Com a minha mão tremendo.
Negra é a minha noite
Mais negro o meu dia
Devo ter estado cego
Fora de mim
Nunca vislumbrei os sinais
Como vai?
Vai mal.
Vai lentamente.


Lentamente passa a noite
Dez dias só, dez noites só
Vejo a lua cortar-se nova
até que a lua se torna navalha
E corta a pele dos meus pecados
para teu conforto.
Conheço um céu,
Amor conheço um inferno
Cabeça nas mãos
às voltas na cama
Nunca consigo esquecer as palavras
" Partirei, sozinha um dia"
Eu ri, conferi o teu pulso
E disse, amor...

Vai lentamente pela noite
O tempo tudo remedia (só não a dor)
E acordo contigo  ali sentada
Cortando pontas do teu cabelo
Cantando uma musica sem sentido
Mas não faz mal, não importa.
Querida perdoa-me
Por toda a tristeza.
Abraço um espaço vazio
E a tua musica lentamente esmaece.
Onde vai?
Vai a algum lugar
Sozinha como a noite.

E escura como ela

Mas não és tu quem chora sem parar
Dez dias só, dez noites só
Desde que me deixaste amor.


Adaptado de uma canção de Nick Cave

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